Preciso de um milagre

Eu - Estás de dieta?
Ela – Não, fiz reeducação alimentar?
Eu – ??
Ela – Fui à nutricionista e aprendi a comer.
Eu –??
Ela – Só como o que o meu corpo precisa.
Eu – Ah! E quanto é que isso dura?
Ela – É para a vida inteira.
Eu – Nunca mais vais voltar a comer normalmente?
Ela – Agora como muito melhor. De forma mais saudável.
Eu – Isso é bom! Admiro a tua força de vontade.
Ela – É chato ver os outros a comer coisas que me apeteciam.
Eu – Mas estás muitíssimo mais magra!
Ela – Pois estou.
Eu – Mas passas fome?
Ela – Eu como muito, estou sempre a comer.
Eu – Porque tens fome?
Ela – Sim. Isso de dizerem que não se passa fome é treta. Passa-se muito fominha.
Eu – E porque é que não comes normalmente?
Ela – Porque engordo.

Tenho de emagrecer, mas as conversas com algumas amigas e colegas que estão permanentemente em dieta – reeducação alimentar, perdão! – deixam-me aterrorizada (esta que eu transcrevi é uma delas).

Para elas, é ponto assente que a partir do momento em que optaram por emagrecer tiverem de seguir um estilo de vida e de alimentação que é para toda a vida. No dia em que pisarem o risco voltam a engordar, deitando por terra todos os sacrifícios.

Para mim, comer é um verdadeiro prazer, especialmente as coisas que engordam. Por mim, passava das entradas para a sobremesa... Por isso, não me estou a ver a passar o resto da vida a comer alface e rúcula, com uns fiapos de cenoura para dar cor. Seria magra, mas profundamente infeliz. Tal como muita gente que deixa metade da comida no prato a dizer que está enfartada, quando na verdade está esganada de fome!

Nota de rodapé: O crepe com gelado de baunilha e café, com topping de caramelo era divinal.